segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Diz que eu pirei ou fica




Senta aqui na cadeira da mesinha de canto da sala do meu apartamento, olha no fundo dos meus olhos e me escuta. Tenta decifrar as palavras que eu não vou saber dizer, mas presta bem atenção quando elas saltarem dos meus olhos numa tentativa frustrada de te fazer entender o que quero dizer. Fica aqui e me escuta.
Você não precisa dizer nada se preferir o silêncio, apenas me olha pra eu saber se era verdade ou não todas as minhas duvidas. Balança a cabeça se eu estiver ficando louca em achar que cada um daqueles “sinais” que exalavam de você eram apenas a imaginação fértil de uma mulher. Me diz que todas as musicas que você me mandou, eram só musicas que pra você não faziam sentindo, mas que você acabou lembrando de mim no meio delas. Confirma que cada vez que você me olhava via apenas um alguém especial e não alguém que um dia poderia ser sua. Me diz que você nunca desejou ficar ao meu lado ou pensou um dia se quer que poderíamos ser algo além do que já éramos. 
Tira da minha cabeça que cada um dos beijos que aconteciam inesperadamente no meio de uma festa nunca foi querer de verdade e acontecia só porque nenhuma outra te quis e você tinha lá suas necessidades e que nunca passou disso. Fala pra mim que não sente um pouquinho a minha falta nos seus dias, pra te fazer rir de qualquer coisa, mesmo quando nem tinham tanta graça e diz que odiava a minha risada escandalosa e desajustada.
Olha pra mim e diz que não me amou nenhum pouco. Que eu fiz tudo errado desde o começo e que o problema é comigo, que sempre ficou ali só de lado observando você fazer o que queria e ainda assim ficou ali com você todos os dias. Diz pra mim que eu sou louca e que esses malditos sinais nunca existiram, que foi tudo coisa da minha cabeça e que eu acabei te amando por culpa só minha.
Me fala que quando me via você não sorria de verdade, mas só por educação. Que nossas conversas aleatórias eram extremamente entediantes. Que a sua mãe nem gostava de mim e me achava sem gracinha. Que você não gostou da minha mãe quando a conheceu. Diz que eu enlouqueci quando achei que você se importava pra valer comigo quando eu precisei de alguns cuidados e só tinha você e que agora esse seu desprezo todo é pra me fazer ver que nada disso nunca foi verdade. Que esse amor que nasceu dia após dia dentro de mim, é só meu mesmo, que pra você nunca existiu nem o A desse amor. Que você nunca sentiu um frio na barriga em pensar em mim.
Joga em cima de mim esse monte de verdade e acaba de vez com essas coisas que criei pra mim a cada vez que te via e te observava e te amava mais. Segura meu rosto e diz que nunca amou nada em mim, que eu nunca passei de alguém a mais na sua vida. Tira de mim esse peso que é te ver distante cada dia mais. Me faz entender um pouquinho do que se passa ai na sua cabeça e me diz que eu pirei em cada um dos momentos que passamos juntos. Coloca de uma vez por todas na minha cabeça que a gente se perdeu e que não tem mais mapa, bussola ou GPS que faça a gente se encontrar de novo. Que o nosso nó se desfez de vez.
Antes de sair pela porta, me abraça. Deixa eu sentir uma ultima vez seu coração batendo ali pertinho do meu e sentir a paz que o seu abraço me trazia. Sentir o seu perfume misturado com o cheiro da sua pele. Me deixa sentir pela ultima vez aquele fiozinho de esperança que eu sentia cada vez que te tocava e acreditava que o amor podia acontecer de novo pra mim e pra você. Deixa eu só me perder num mundo que eu acreditava ser só nosso e que só nós dois sabíamos vê-lo e que ninguém mais entendia o que havia entre a gente, só sabiam que existia algo. Me dá um beijo na testa e pede pra eu me cuidar. Eu vou tentar não ver mais um sinal de importância da sua parte. Agora vai e fecha a porta pra nunca mais entrar. Fecha e joga fora junto à chave que você me deu pra te descobrir. Vai e me deixa com os sinais e com as memórias e com as saudades.
Ou fica e diz que não pirei na loucura que foi a nossa vida. 

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