Foi por você que me atirei na tempestade sem medo, sem
pensar no depois. Foi tudo por você. Foi naquele dia que você quis me ver
depois de um dia cansativo e estressante para me falar dos seus problemas e eu
ouvi. Ouvi, porque ajudar você era uma coisa que eu fazia sem esforços. Foi
pelas noites que eu não ligava de passar acordada na sua presença, estando frio
ou calor, me bastava passar cada minuto que fosse contigo.
Foi quando vi em você o que não vi em ninguém e diferente de
cada uma com que você ficava e me contava, eu vi em você alguém muito melhor do
que era, alguém que nem mesmo você via. Foi quando eu soube que eu podia ligar
a qualquer hora, estando em qualquer lugar, que você atenderia e me agüentaria
tendo minhas crises ou me ouvindo rir por ter bebido mais do que devia.
Foi naquela noite em que a gente simplesmente ficou sentado
em frente de casa contando um pro outro sobre a nossa vida. Sobre cada pessoa
que passou por ela e nos quebrou e levou um pedaço junto e deixou um também.
Foi quando a gente se aceitou do jeitinho que éramos e sabíamos que aquilo
bastava. Bastava porque deixamos cair qualquer máscara que podia existir pra
esconder aquilo que temíamos que as outras pessoas não gostassem quando vissem.
Foi quando falávamos qualquer besteira ou fazíamos qualquer coisa e riamos
disso. A gente nunca se julgou por ser quem éramos, por fazer as coisas que
fazíamos.
Foi quando vi em você mais do que meu melhor amigo, por mais
que eu negasse e tentasse fugir, por mais que eu não quisesse nada daquilo. Foi
quando meu coração bateu mais rápido por você, quando cada um dos caras que eu
via perderam a graça, porque nenhum era você. Foi quando eu fiquei do seu lado
mesmo sentindo tudo isso, mesmo doendo não te ter, mesmo quando você contava
daquela sua paquera que não te dava à mínima e eu queria bater na sua cara e
gritar que eu tava ali, segurando a barra, segurando a fala, segurando você e
eu, numa linha tênue de sentir ou reprimir. Foi por cada uma das noites que
passei em claro pensando e enfrentando meus medos, porque pela primeira vez vi
que por você valeria a pena enfrentá-los.
Foi quando eu explodi e você aceitou aquilo que eu sentia,
aceitou tentar. Foi quando eu imaginei que pela primeira vez algo daria certo
por aqui, depois de tanto dar errado algo devia trazer paz, não só pra mim, pra
nós. Foi quando eu deixei todo meu orgulho pra ser só sua. Deixei de lado mil
coisas que eu coloquei na minha vida pra fechar o buraco que tava aqui dentro e
pra passar o tempo enquanto você não chegava. Foi quando tentei te mostrar que
a minha disponibilidade não era nada mais do quanto eu amava passar o tempo com
você fazendo qualquer coisa. Quando quis te mostrar que eu era totalmente
diferente de tudo o que você já viu e de todas que você já provou.
E foi quando você fugiu. Foi quando você não esperou eu
caminhar ao seu lado e simplesmente correu. Foi quando você não entendeu que eu
não queria um pra sempre, queria apenas o agora. Foi quando você não
compreendeu que eu aprendi a te amar mais do que amor, aprendi a amar os seus
defeitos e suas qualidades e seus medos – que eram meus também – e suas
cicatrizes e suas inseguranças e tudo o que você tem de bom e não enxerga. Foi
quando você não pensou em nada disso e sem perceber pensou só em você. Foi
quando você decidiu por nós o que era melhor e não somente perdeu o que eu te
dei. Perdeu aquilo que você sabia que eu tinha de melhor pra oferecer, o amor.
Eu não perdi nada, pois a gente não perde por dar amor, perde quem não sabe
receber. E foi quando você decidiu não receber mais nada de mim.
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