Exausta, cansei dessa loucura que tínhamos. Não era amor. Nunca
foi. Era apego e apego um dia acaba desapegando do nosso interior. Passei noites
com vontade de te ligar e percebi que minhas vontades também acabaram. Você já
não mexe com nada que existe em
mim. E mais uma vez percebi essa minha mania de querer tanto
algo e se enjoar. Cheia de manias e defeitos. Sou feita disso. E no meio das
minhas manias, perdi a mania de querer tanto você.
Foi numa dessas noites quaisquer que me vi não sentindo a
falta de você, preenchendo o lado vazio da cama. Percebi que a solidão é melhor
que a companhia de alguém que nada te acrescenta. Calma meu bem, não me jogue
pedras por estar sendo sincera. Você me mostrou muitas coisas quais eu
desconhecia, agradeço. Só que não dá mais pra carregar você nas minhas
bagagens. Acumulei bagagens minha vida inteira, não quero mais uma me
prendendo, me jogando para baixo como se estivesse num mar agitado e que eu não
consiga sair.
Pensei em mil maneiras de te dizer adeus, de explicar o porquê
de tudo isso, mas você sabe que não sou boa falando essas coisas, então escrevo
para deixar registrado por aí que acabou.
Você não vai mais receber mensagens desesperada nas
madrugadas pedindo colo, nem vai me ver entrando pela sua porta aliviada por
ter alguém que por algumas horas ficava rindo das minhas loucuras e matando as
minhas vontades. Cansei das vontades e descobri que não preciso de alguém que não
precise de mim. Nunca implorei nada, não seria diferente agora.
Enfim chegamos ao gameover e nessa nossa brincadeira não
existe o botão replay. Você vai sentir minha falta, isso eu sei, mas isso não
mata ninguém, faz bem sentir falta de algo às vezes. Vou estar ao lado, mas não
ao seu lado como costumava. Infelizmente preciso dizer que tentei preencher-me
com você, mas descobri que a gente não se preenche com vazios. Precisava transbordar
e descobri tarde demais que jamais iria me transbordar com as doses semanais de
você.
Peço desculpas pela saída sem volta, pelo tchau sem beijos e
abraços, sem lágrimas e toda aquela cena de fins. Fechar a porta pra você foi
estar abrindo as minhas portas para enxergar que certas coisas se vão para que
outras cheguem.
Por um momento achei que você poderia virar algo a mais que alguém
dos dias de semana, mas descobri que você não passaria disso. Até bati o pé
mais uma vez me perguntando por que nada dá certo, aí descobri que você não era
o certo. Ou o errado para caminhar do meu lado.
Pode ir. Agora estou te deixando livre das minhas loucuras e
devaneios. Estou te deixando livre das noites em que achávamos que estaríamos salvos
de nós mesmos. Estou me deixando livre, como sempre fui. Porém dessa vez livre
de um mundo que nunca existiu. Sempre fui boa sozinha e descobri – sozinha –
que minha solidão me faz companhia melhor que ninguém. Não quero mais as
patifarias criadas para preencher os vazios que todos temos. Entre ficar livre
ou presa em algo que nunca me sai bem, escolho minha liberdade. Escolhi abrir
meus olhos e enfim enxergar quem me quer bem e quem simplesmente não quer nada.
E se eu não olhar mais para você como costumava, saiba que você não era alguém
que eu achei que me faria bem, mas apenas alguém que por um breve momento me
sufocou até eu explodir e ansiar por coisas boas.
Fica bem por aí, que por aqui eu sei lidar sozinha.
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