terça-feira, 15 de outubro de 2013

Por uma vida sem os nossos meios-termos.


A saudade de escrever bateu no mesmo instante que a sua falta chegou até mim. Típico caso de quem perde um amor-paixão-amizade. Típica saudade do caso indefinido que fomos por tanto tempo.

A sua presença aqui por esses tempos fez com que eu desligasse um pouco do mundo. Te ter por perto pelo menor espaço de tempo que pude, foi como se eu estivesse indo e voltando do céu em frações de segundos pequenininhos. Pena que tudo o que começa tem fim. Tivemos o nosso. Não da forma dramática que você do outro lado da tela está pensando. Não saímos batendo portas, jogando jarros pelas paredes e se difamando aos quatro cantos do mundo. Nosso fim foi divertido e silencioso.

Numa dessas noites de festas você chegou ao seu apartamento, onde eu estava muito bem deitada na sua cama, no seu quarto, que presenciou tantas noites nossas, tantos segredos e confissões pelas madrugadas. Que as paredes guardem o que ficou de mais bonito. Você chegou me acordando. Me contou das garotas com quem você tinha ficado naquela noite e ainda teve a sutileza de deitar-se do meu lado na cama, pedir carinho e pedir um pedacinho do seu pequeno travesseiro. E foi numa dessas confissões de carência da sua parte que eu coloquei um fim.

Você não merecia nenhum desses meus textos. Mas fazer o que. Até o nosso fim foi engraçado e nem foi tão ruim assim. Eu sempre te cuidando do jeito que dava, te ouvindo, te fazendo dormir. Você sempre por ai, com uma e outra, e outras. Sempre soube que em você eu não seria escrita, seria apenas aquela amiga-companheira de todo o momento para você dividir o peso das coisas. Enquanto eu podia ver em você alguém melhor, enquanto eu podia ver que podia te fazer melhor do que mais um cara que sai todas as noites com outras e se embebeda, você me via como a garota que estaria esperando você em casa para te cuidar, enquanto as outras que você pegava estariam por ai já, a procura de mais um desses caras que não tentam ser melhores que um copo de whisky.

Tudo bem, você não foi tão ruim assim pra mim. Já me cuidou muito enquanto eu entrava em mais uma dessas minhas crises existências pelo o que sabe lá Deus. E também me mostrou o que não fazer quando tiver outro amigo – talvez – tão cafajeste quanto você.

Quando amanheceu naquele dia, eu fiquei te observando a dormir, e vi que as pessoas são vulneráveis assim. Você pelo menos deixa transparecer esse seu jeito menino que se esconde atrás daqueles copos de whisky e daquelas garotas que se aproveitam da sua vontade incontrolável de homem. Você se escreveu em mim. Talvez com aquelas tintas que nunca saem das coisas. Por mais que eu jogue um tanque de tíner nessas nossas marcas por ai, elas não vão se apagar. Continuei te observando até meus olhos implorarem pelo sono perdido naquela noite. Dei uma ultima olhada naquela cicatriz engraçada que você tem pela sobrancelha, no traço do seu nariz tão certinho e na sua boca que já cansei de me perder. Beijei tua testa num sinal de que sempre vou cuidar de você, mas isso você já deve até saber.


Sai pela porta do seu quarto. Sai pela porta do seu apartamento. Até pensei em deixar um daqueles bilhetinhos de despedidas pelo papel do pão amassado que encontrei por lá, mas logo desisti, sou péssima em despedidas e fazer isso com a gente seria demais pra mim. Apesar de tudo, somos amigos. Mas naquela noite te ouvindo, naquela manhã te observando, decidi cortar a nossa relação de cúmplices por completo. Ou eu cortava agora, de uma vez, ou eu me cortava todos os dias um pouquinho mais enquanto tentava cortar você da minha vida. Esse nosso meio-termo de não se termos de verdade me cansou. E mesmo assim ouso em dizer que nosso fim não foi tão ruim, me rendeu até uma falta de você, me rendeu a vontade de escrever novamente e me rendeu esse texto desorganizado, com essas palavras e frases desordenadas que saltam da minha mente para o papel.
É. Não foi tão ruim. 

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