sábado, 10 de agosto de 2013

Mistura insana.


Típica noite fria. Eu até te ligaria ou bateria na porta do seu apartamento hoje à noite, mas talvez fosse muita audácia da minha parte. Só talvez.
Hoje o dia foi meio como você me denominaria: calor, dois segundos depois frio. Juro que não entendo o porquê de eu gostar tanto do jeito que você me denomina, do jeito que você me beija, me segura, me pega, me tem e me retém. Ou talvez eu seja sua refém? Refém. Prefiro utilizar esse termo, mas nada como ser uma refém que não quer fugir desses olhos verdes e desse sorriso que me deixa entorpecida.
Uns dizem que isso entre a gente é loucura. Outros dizem que é uma amizade com benefícios. E a gente só ri, mal sabem eles que é uma mistura insana disso tudo e que não temos controle algum sobre nossos atos. Você provoca dali, eu resisto daqui. Você diz que sou marrenta demais para uma moça, já nem discuto com você. Apesar de marrenta, você se amarra nessa minha amarra sem amarras que te deixa livre pra fazer o que bem entender. Diz que nunca me viu tão meiga igual ao dia que bebi alguns drinks a mais e você cuidou de mim e da minha mania de se transformar em uma criança que pede colo quando exagera demais nas bebidas.
Em uma dessas noites que a gente se provocou demais e acabamos cedendo a sentar-se à mesa do outro no bar da esquina de casa, eu disse que só queria calmaria de um romance e pela primeira vez você me disse algo totalmente digno de ganhar minha cabeça pro resto da semana: você quer caras calmos, mas eles nunca chamam sua atenção. Frase boba, pensei de primeira.
De segunda me perdi e enlouqueci a noite toda com você. Foi assim o resto da semana. E você não era nada calmo. Você atormenta até minhas previsões mais puras e calmas. Você faz com que eu desista de tudo o que traga calmaria e paz interior, se é que exista alguma dessas coisas.
Você disse que meiguice chamava atenção, mas eram as loucas que te encantavam. E naquele mesmo dia você disse que eu era doidinha. Te perguntei o que achava de mulheres assim. Olhos verdes brilhando, sorriso torto e reluzente no rosto. Desse jeito você me disse que toda a ideia de que apenas mulheres quietinhas demais eram as mais certas para qualquer homem foi por água a baixo quando me viu passando na rua do seu prédio com meu sorriso de menina inocente e mulher independente de qualquer melodrama e de qualquer paz interior que a gente deixou de acreditar depois que se colidiu. Desde então foi você que ficou atormentado com aquele meu jeito de ser. Errado demais.
A gente se perde um no outro. E daí pro que acham da gente? Tanto faz isso. Tanto faz a calmaria. Tanto faz a loucura. Tanto faz o melodrama. Tanto faz a paz interior. Tanto faz é o que a gente tem um com o outro. E o que a gente faz com a gente ou por aí, não tem menor importância a ninguém. E se for errado? Deixa pra lá também, somos dois errados e pode-se dizer que estamos quebrando os tabus de que só “certo e errado” conseguem dar certo. Besteira. Damos certo do nosso jeito errado. Tóxicos demais pra vida e pra toda a calmaria que a gente pretendia ter. Vicioso demais para deixar de lado.
Iria te pedir pra apagar a luz, mas isso não convém. Adoro esse seu sorriso torto e seus olhos verdes enquanto a gente se perde e enlouquece ao som de The Soho Dolls. “The scratches, the bruises and the bites.” Você continua sorrindo parado nessa sua forma de estatua de algum desses deuses gregos que apreciam o encanto humano. Ou na forma de homem que idolatra Afrodite enquanto ela se despe de tudo aquilo que a faz ser mais divina do que humana. Pra falar a verdade isso pouco importa. Não importa onde vou esquecer meus brincos, ou onde foi parar qualquer uma das minhas coisas. O que importa é onde nossos corpos se encontram e isso a gente sempre sabe. Muito bem.
Pela manhã a gente acaba esquecendo que desacreditou naquela tal paz interior e acaba, por alguns segundos, encontrando toda a calmaria que desejamos. Insanidade vem logo depois. Cada um pro seu lado e a próxima noite a gente se aproxima pra continuar desacreditando em toda essa coisa de paz interior e enlouquecendo nas manias e manhas um do outro. Olhos verdes que trazem paz. Denominação perfeita para ambos.

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