Você está saindo pela porta nesse momento. Mais um copo de
vodka pura com gelo. Eu sei, você sempre diz que sou estranha por ter esse
gosto por bebidas puras.
Mais uma vez o tal amor tenha acabado de sair pela minha
porta. Eu e essa mania de achar que ninguém me mereça. Mas talvez seja isso.
Talvez eu tenha sido demais pra você, não é meu bem? Ou talvez eu tenha sido egoísta
mais uma vez, e neguei o meu amor. Talvez foi nessa linha tênue de não querer
amar, que eu mais amei.
A chuva começou a cair, provavelmente você deve estar indo
pro seu apartamento. Você vai abrir a porta, deixar as chaves em cima do sofá,
abrir uma cerveja, mas ela não vai ser suficiente. Doses mais fortes. É nisso
que o amor faz a gente se transformar. Nesses seres que precisam de doses mais
fortes para amenizar aquela agulhada que dá quando vê o outro fechando a porta.
Você vai beber todas, vai até pensar em me ligar, mas vai
desistir. Orgulhoso. E no fim, você vai cair no seu sofá ou na sua cama fria e
dormir. Tão previsíveis. Pessoas são tão previsíveis quando a conhecemos tão
bem. No outro dia você vai sair por ai com seus amigos, vai iludir aquela pobre
moça que conheceu no bar, até leva - lá para sua casa, e quando ela for embora,
o seu primeiro pensamento é aquele que não vai te deixar em paz por algum
tempo: “Por que ela não está aqui?”. E é nessa hora que você vai voltar ao
ponto da noite passada. Ou dessa noite.
Você sempre ficou admirado com esse meu jeito de saber das
coisas. Talvez eu seja mais do que esse meu lado egoísta e orgulhoso. Talvez
nessa minha brincadeira de querer me perder, eu apenas queira ser encontrada
uma ultima vez. Aquela ultima vez que faça valer a pena, e faça entender o
porque de ter andando tão perdida por todo esse tempo.
Você sai pela porta. Só não esqueça de fecha-la.
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