Quem diria que você sem nenhuma arma, nenhum truque, ia
fazer aquela garota fria, durona e impenetrável, se tornar uma mulher que
nunca imaginou ser.
Eu tão acostumada a me afastar de todos, de me proteger com
minha armadura de aço de qualquer tipo de sentimento, nunca imaginei que
apareceria você. Com um sorriso no rosto, com olhos de mel e disposto a segurar
minha mão e me moldar, me transformar, me concertar.
Me concertou, me salvou dessa minha falta de amor de todas
as maneiras que alguém podia fazer, mas sou teimosa – sempre fui – não podia
deixar alguém me mudar, queria ser o que era, indomável, incontrolável,
impenetrável. Fiz de tudo para te perder, para não enxergar que havia mudado. E
perdi. E quando perdi, percebi que também mudei. Tudo ficou mais intenso como
era na primavera que nos conhecemos. Passei a sentir coisas que não sentia, que
não me permitia. A saudade de você ficou. Nunca fui boa com sentimentos e lá
estava eu, sentindo cada um deles.
Há quem ache que não mudei, sei esconder bem, afinal, sempre soube.
Você é meu segredo. O único segredo que guardo comigo. Não poderia deixar que
ninguém mais soubesse que a chave pra me reconcertar é você. Acho que não quero
ser reconcertada por mais ninguém. Você me concertou, você me desconcertou ou
eu mesma tenha feito isso. Então, sinto muito por ter dado tanto trabalho pra
depois sair por aí me desconcertando, mas você me conhece, tenho mania de fazer
tudo errado, tudo de um jeito só meu. Tenho um imã pra coisas erradas,
inclusive, é isso que a gente acabou sendo, um erro. Dos grandes. Porem,
adoravelmente doce. Meu erro mais doce foi ter deixado você me concertar e
depois ter partido. Depois que conheci o que era ser certa, na verdade, certa
do seu lado, ser errada para os outros se tornou algo simples. Mas
continuaremos assim, guardando esse segredo. Você me concerta um dia ali e eu
te estrago um pouco mais aqui, afinal, todo estrago tem seu concerto, assim
como tudo o que é certo, tem seu lado errado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário